Mostrar que quando se divide um ímã
em vários pedaços, cada parte continua sendo um ímã.
Contexto
Determinados materiais apresentam propriedades
magnéticas. Por propriedade magnética se entende a capacidade
que um objeto tem de atrair outros objetos. Na interação
entre dois objetos feitos de materiais magnéticos há também
a possibilidade de repulsão entre eles. Os materiais que naturalmente
apresentam propriedades magnéticas são chamados de ímãs.
Convém notar que esses fenômenos de atração
e repulsão podem também ser observados em materiais não
magnéticos. Por exemplo, entre dois objetos carregados elétricamente.
Porém, mesmo que carregados elétricamente, materiais não
magnéticos não interagem com materiais magnéticos.
Em geral, propriedades elétricas
ou magnéticas estão associadas a classes de materiais diferentes.
Uma outra forma de distinguir o tipo
de fenômeno é conhecendo-se um dos materiais envolvidos. Sabemos
que um ímã natural possui propriedades magnéticas:
então todos os materiais que ele atrair ou repelir também
terão propriedades magnéticas.
As propriedades básicas observadas
em materiais magnéticos são explicadas pela existência
de dois polos diferentes no material. A esses polos se dão os nomes
de polo norte e sul. Polos de mesmo tipo se repelem e polos de tipos opostos
se atraem. A esta configuração de dois polos dá-se
o nome de "dipolo magnético". O dipolo magnético é
a grandeza que determina quão forte é o ímã
e sua orientação espacial pode ser represenada por uma flecha
que aponta do polo sul para o polo norte.
As propriendades magnéticas
dos materiais tem sua origem nos átomos, pois quase todos os átomos
são dipolos magnéticos naturais e podem ser considerados
como pequenos ímãs, com polos norte e sul. Isto é
algo que decorre de uma somatória de dipolos magnéticos naturais
dos elementos básicos da matéria (o "spin") com o movimento
orbital dos elétrons ao redor do núcleo (pois este movimento
cria um dipolo magnético próprio).
Para cada material, a interação
entre seus átomos constituíntes determina como os dipolos
magnéticos dos átomos estarão alinhados. Sabe-se que
dois dipolos próximos e de igual intensidade anulam seus efeitos
se estiverem alinhados anti-paralelamente; somam seus efeitos se estiverem
alinhados paralelamente.
Assim, teremos os seguintes casos:
Se os dipolos, sob qualquer condição,
permanecerem desalinhados, apontando em direções aleatórias,
há um cancelamento geral dos efeitos dos dipolos e o material não
apresenta nenhuma propriedade magnética macroscopicamente observável
(material não-magnético).
No caso dos dipolos estarem todos alinhados,
temos um material chamado ferromagnético permanente (ímã
natural).
Se os dipolos somente se alinharem
na presença de um outro ímã, temos três casos:
material ferromagnético: o ímã
externo, ao atrair um dos polos de cada um dos átomos do material
ferromagnético, termina por alinhar todos os dipolos magnéticos
deste. Com todos os seus dipolos magnéticos alinhados, o ferromagnético,
para todos os efeitos comporta-se como um ímã natural. O
resultado final é que o material ferromagnético é
atraído pelo ímã natural. O ferro, o níquel
e o cobalto são alguns exemplos de materiais ferromagnéticos.
material paramagnético: o alinhamento
é similar ao caso ferromagnético, porém de intensidade
aproximadamente 1000 vezes menor. Por isso também não é
de fácil observação. O resultado final é que
o material paramagnético é muito fracamente atraído
pelo ímã natural. O vidro, o alumínio e a platina
são alguns exemplos de materiais paramagnéticos.
material diamagnético: além
de causas diferentes, macroscopicamente é o caso oposto do paramagnético.
O resultado final é que o material diamagnético é
muito fracamente repelido pelo ímã natural. No fundo, todo
material é diamagnético; só que na maioria dos casos
o ferromagnetismo (permanente ou não) ou o paramagnetismo são
mais fortes que o diamagnetismo. A água, a prata, o ouro, o chumbo
e o quartzo são alguns exemplos de materiais diamagnéticos.
Convém ressaltar que o alinhamento
nunca é total, nem em número de dipolos e nem na direção
de cada um deles; trata-se de médias.
De acordo com um dos primeiros pesquisadores
do magnetismo, Michael Faraday, o campo magnético é a região
do espaço na qual se realiza a interação magnética
entre dois objetos que apresentam propriedades magnéticas. E as
linhas de campo são as linhas imaginárias que mapeiam o sentido
deste campo em torno dos objetos. Ou seja, elas indicam a direção
da atração ou repulsão magnética num ponto
do espaço sob a influência de objetos magnetizados. As linhas
de campo apontam do polo norte para o polo sul.
A atração ou repulsão
entre dois objetos magnetizados é intermediado pela ação
do campo magnético. Por outro lado, pode não haver atração
ou repulsão entre dois objetos magnetizados, mesmo havendo entre
eles campo magnético. Isto ocorre porque o campo magnético
de um ímã enfraquece conforme aumenta a distância a
ele. Então, dependendo da distância que separam os ímãs,
o campo magnético não é forte o suficiente para, por
exemplo, vencer o atrito que existe entre cada ímã e a superfície
de uma mesa sobre a qual eles estejam colocados.
Idéia do Experimento
Se, por exemplo, dividirmos um ímã
em dois pedaços, isso faz com que a configuração dos
pólos norte e sul em cada pedaço não se alterem em
relação ao original.
Esse fato pode ser explicado se recorrermos
à teoria descrita no contexto, lembrando principalmente que os átomos
podem ser considerados pequenos ímãs com polaridade norte
e sul. A esta configuração de dois polos dá-se o nome
de "dipolo magnético". E a divisão de um ímã
não faz com que a direção dos dipolos magnéticos
mudem em relação à direção que tinham
antes.
A soma dos campos individuais de cada
átomo em cada um dos pedaços reconstituirá um campo
externo de mesma polaridade que o anterior. A única alteração
será na intensidade do campo magnético dos novos ímãs.
Eles serão quantitativamente mais fracos que o original, pois um
número menor de dipolos se somarão para formar seus campos
magnéticos.
Tabela do Material.
Item
Observações
Ímã
Ímãs são encontrados em alto
falantes, ferro velho, lojas de materiais elétricos, em alguns brinquedos,
em objetos de decorção como os ímãs de geladeira,
etc.
Montagem
Verificar os polos do ímã
antes e depois de quebrá-lo usando uma bússola. Caso não
tenha uma bússola, leia no comentário como construir uma.
Quebre em dois ou mais pedaços
um ímã em barra e teste a polaridade de cada novo ímã
aproximando os pedaços entre si. Ou use uma bússola e verifique
que a polaridade se mantém depois da divisão.
Comentários
Caso você não consiga
uma bússola para a realização do experimento, é
possível construir uma. Para isso você vai precisar de um
copo comum com água, um agulha de costura fina, uma rolha e um ímã
natural. Siga os passos seguintes:
1-Primeiro
deve-se imantar uma agulha de costura, passando-se o ímã
natural
várias
vezes na agulha de costura, sempre na direção do seu comprimento
e
no mesmo
sentido. Para saber se agulha já está bem imantada, aproxime-a
de
algum
objeto metálico e verifique se há atração ou
repulsão.
2-Corte
uma fatia circular bem fina da rolha. Esta fatia de rolha serve para
permitir
que a agulha de costura possa flutuar sobre a água.
3-Atravesse
ou cole no disco circular de rolha, a agulha.
4-Coloque
o disco circular de rolha com agulha em um copo cheio de água.
5-Verifique
por algum método se sua bússola está funcionando,
comparando a
direção
para onde a agulha está apontando com alguma referência. Sem
outros
campos
magnéticos por perto, ela deve se orientar na direção
norte-sul.
6-Veja
a figura de como fica a construção desta bússola.
Esquema Geral de Montagem
Projeto Experimentos de Física com Materiais do Dia-a-Dia -
UNESP/Bauru